quinta-feira, 26 de junho de 2014

A Maldade [Isidore Ducasse - Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro]

Deve-se deixar crescer as unhas durante quinze dias. Oh como é doce arrancar brutalmente da cama uma criança que nada tem ainda sobre o lábio superior e, com os olhos bem abertos, fingir que se lhe passa suavemente a mão na testa, inclinando-lhe para trás os seus lindos cabelos. Depois, de repente, no momento em que ela menos espera, enterrar-lhe as unhas compridas no peito mole, de modo a que não morra! Porque, se morresse, não se teria mais tarde o espectáculo das suas misérias!... Seguidamente, bebe-se o sangue lambendo as feridas. E durante esse tempo, que devia durar tanto quanto dura a eternidade, a criança chora! Nada é tão bom como o seu sangue, extraído como acabo de dizer, e ainda quentinho, a não ser as suas lágrimas, amargas como sal. Homem, nunca provaste do teu sangue quando por acaso te cortaste num dedo? É bom, não é? Porque não tem gosto nenhum.
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