terça-feira, 26 de março de 2013

(com esse olhar cheio de desconfiança e manha nunca amará ninguém)


«Você não tem ainda vinte anos mas é já uma velha, uma argumentadora como o seu pai ou o seu tio Jorge, e não ficaria nada espantado se me mandassem chamar para lhe tratar da gota. Mas não vê que não se pode viver assim! Que importa o homem que eu sou? O que é preciso é olhar-me nos olhos, sem pensamentos reservados, sem programa. É preciso primeiro que tudo procurar em mim o ser humano - se não, nunca chegará a ter relações de amizade com os outros. Adeus! E acredite no que lhe digo: com esse olhar cheio de desconfiança e manha nunca amará ninguém.»


Anton Tchekhov. O Selvagem. Tradução de Carlos Grifo. Editorial Presença, Lisboa, 1968., p 81/2
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