domingo, 6 de maio de 2012

« - Aborreci-te, patrão? - disse, deixando de sorrir.
  Tínhamos chegado à nossa choupana. Zorba olhou-me com ternura e inquietação.
   Não respondi. Senti que o meu espírito estava de acordo com Zorba, mas o coração resistia, queria arremessar-se, romper a animalidade, abrir um caminho.
    -Não tenho sono esta noite, Zorba - disse eu. - Vai deitar-te tu.
   As estrelas cintilavam, o mar suspirava e beijava as conchas, um pirilampo acendeu sobre o ventre o seu pequeno farol erótico. Os cabelos da noite escorriam de orvalho.»
Nikos Kazantzaki. O Bom Demónio. Tradução de Fernando Soares. Editora Ulisseia, Lisboa,p. 64

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