domingo, 11 de dezembro de 2011

(...)

«Quanto a mim, desleixado como um estudante à sombra
Dos castanheiros, não tiro os olhos das miúdas de olho vivo:
Sabem-no elas tão bem; e voltam para mim, rindo,
Aqueles olhos transbordantes de coisas indiscretas.

Deixo-me estar calado; não paro de olhar continuamente
Aqueles pescoços brancos bordados de madeixas loucas:
Sigo, sob o corpete e os frágeis atavios, a divina
Colina que desponta a seguir à curva dos ombros redondos.

Não tarda nada, já descobri onde se esconde a botina, a meia...
-Reconstruo-lhes o corpo, ateado por uma febre das antigas.
Elas acham-me graça, e entrefalam-se baixinho...
E meus desejos brutais agarram-se aos lábios delas...»



Arthur Rimbaud. O Rapaz Raro. Iluminações e poemas. Tradução de Maria Gabriela Llansol. Redógio D' água, Lisboa, 1998., p. 145

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