sexta-feira, 25 de março de 2011

47.

Enquanto a noite alarga a escuridão
que os animais e os homens adormece
fogo do sonho e o lar nos humedece
e à amiga morta rasga o coração

Chama na vasta fronde se amanhece
ave tímida ao dia dando a mão
e pelas longas ervas sombras vão
coroando o negro túmulo a luz cresce

A alba faz-se outra vez neste lugar
noite que ventos frios descarregava
vai-se a tarde nas relvas ocultar

perante o raio que inimigo cega
e com as horas dando meio-dia
na cova dela toda a luz se unia.



Os Sonetos de Walter Benjamin. Tradução de Vasco Graça Moura. Campo das Letras, 1999, p.107

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