quarta-feira, 13 de outubro de 2010

«-Vê, Nikhil, como a Verdade adquire carne e sangue no coração de uma mulher! - exclamou Sandip Babu. - A mulher sabe ser cruel, a sua virulência é como uma tempestade cega: maravilhosamente terrível. No homem é feia porque contém no seu âmago os vermes corrosivos da razão e do pensamento.

(...)


Vem, pecado, ó belo pecado!
Que teus esbraseantes beijos vermelhos derramem
ardente vinho tinto no nosso sangue!
Faz soar a trompa do mal imperioso
E atravessa na nossa fronte a coroa da exultante
ilegalidade!
Ó Deusa da Profanação,
Mancha sem vergonha o nosso peito com a mais
negra lama do descrédito!



Rabindranath Tagore. A casa e o mundo. Trad. de Fernanda Pinto Rodrigues. Minerva de Bolso. 1ª ed., 1973, p. 29

2 comentários:

  1. Um dos melhores livros que li, é bom voltar a relê-lo acidentalmente... Todas as passagens do Sandip são marcantes. Enchi um caderno carregado de passagens, quem sabe ir lá escolher mais alguma que acho que esteja a faltar...

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  2. É um livro sublime, sem dúvida.

    Estou a gostar de muitas passagens, também.

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