terça-feira, 20 de julho de 2010

«[…] Disseram-nos como / no instante em que nascemos a noite se
confundia com o nosso corpo. Víamos / que maiores se tornaram
estas paredes, agora presas / ao rosto materno. A sombra de uma
criança acabaria / aí por encontrar / as suas primeiras imagens. […]
Os olhos não têm pressa; viam ainda essas / recordações que se
tornaram no primeiro / dos nossos segredos. Não era outra a suspeita
que / ficava / do instante em que nascemos, até nos afastarmos de /
um sono que para nós havia de ser / difícil; recebíamos essa dádiva
e vimos como nela se / iniciara / também a culpa. O que era para
nós o nascimento / senão o início de uma separação? […]» («Acerca
de um Estúdio I»).


Fernando Guimarães. O Anel Débil. Porto, Edições Afrontamento, 1992, pp. 7-8.

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